terça-feira, 20 de dezembro de 2011

.early christmas.

O Pai Natal passou cá em casa mais cedo e deixou-me isto no sapatinho:















De facto, uma imagem vale mais do que mil palavras mas quem disse isto, nunca ouviu a Feist. Além de que, meter-vos inveja vai funcionar melhor se tiverem banda sonora a acompanhar este post.


Thanks d. :)

domingo, 18 de dezembro de 2011

.saudades trago comigo.

Chegou o momento. Estamos a aproximar-nos a passos largos do final do ano e isso, para muitos, é sinónimo de fazer uma reflexão sobre os dias que ficaram para trás. A velocidade com que passaram faz com que tenhamos dificuldade em acreditar que já se passou um ano. Um ano pode passar depressa mas não é com certeza proporcional à sua relevância temporal. 

Não deixei a minha reflexão para as últimas 12 badaladas do ano, misturando a com as taças de champanhe e com os desejos que acompanham as passas. Pelo contrário, comecei a fazê-la em Outubro. Um bocadinho, todos os dias. Se foi forçado ou não, não é de todo relevante.

Este final de ano tem um sabor a saudade e a recomeço. O meu coração está apenas e só preenchido de saudade. Saudade não é só melancolia ou angústia provocada pela lembrança. É também expectativa ou pelo menos desejo de que alguma coisa aconteça porque o retorno ao que era familiar sobrepõe-se a qualquer outra coisa. 

Dizem que com a idade as pessoas vão se embrenhando cada vez mais nos seus feitios e nas suas formas de pensar e que, por isso mesmo, muito dificilmente mudam alguma coisa sobre elas mesmas. Não é verdade. As experiências que a vida nos reserva, de facto, dão-nos forma e ensinam-nos que não temos um único molde. Por mais velhos (e casmurros) que sejamos. E eu aprendi umas quantas coisas.

Stay hungry, stay foolish.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

.photo booth.

Estive a fazer uma arrumação ao meu quarto. O saco do lixo ficou cheio (é impressionante como hoje em dia tenho um desprendimento muito maior em relação às coisas), mudei algumas coisas dali para acolá numa tentativa de chegar a uma organização que perdure. Ao fazer isto, e ao descobrir algumas coisas que estão perdidas nas gavetas, pergunto-me qual era o objectivo das mesmas. 

No meio destas arrumações, o meu quadro de cortiça que tenho pendurado numa das minhas paredes caiu. Nele figuram as mais variadas coisas. Bilhetes de concertos, faixas de finalista, pequenas lembranças, post-its com aqueles recados dos colegas de trabalho e fotografias. 

Duas coisas a reter: Primeiro, o facto de ser dona de um quadro de cortiça onde posso espetar momentos da minha vida é mesmo uma coisa de miúda que vive nos anos 90. Aposto que todas vocês tinham um quadro de cortiça e colocavam lá desde um pacote de açúcar até a uma folha nojenta que acharam piada e resolveram levar para casa, numa tarde de Outono. Perdão, as flores secas é que eram o grande must. 

Segundo: as fotografias. Falo de um tipo muito específico de fotografias: as tipo-passe. Pergunto-me hoje que mania era aquela de pedir a todos os colegas da turma uma foto deles, e de preferência com uma dedicatória no verso! Lembro-me perfeitamente que no dia das matrículas, começava a caça à foto tipo-passe. Éramos chatos, persistentes e ainda ficávamos chateados se a pessoa X não nos desse uma foto. Era um ultraje saber que alguém só tinha tirado 6 fotos e não 40 para dar a quem lhe pedisse. Uma clara violação dos direitos do pedinchas das fotos tipo-passe.  

Qual era o objectivo deste peditório? Fazer um livro de ponto em casa? Andar com as fotografias na carteira como as nossas mães orgulhosamente têm e fazem questão de mostrar a todas as pessoas que se cruzam com elas e que cometem o erro de apenas perguntar como estamos? Fazer uma caderneta de cromos? Usá-las num jogo de setas? O que sei é que, invariavelmente, acabavam no quadro de cortiça. Digam lá se não havia coisa melhor do que acordar e dar de caras com a turma inteira a olhar para vocês?

Tonterías...



domingo, 11 de dezembro de 2011

.fado.

"Eu gosto de ouvir de tudo um pouco, menos fado! Isso não, que horror!" Tantas e tantas vezes que eu ouvi isto. Tenho a certeza que em algum momento também o disse. Acho que esta displicência face a algo tão nosso está relacionado com a ideia de que o fado só se ouvia na casa dos avós e por isso era algo antigo e coisa empoeirada que não conseguia acompanhar as batidas do último hit de Verão que rodava na Mtv.

Claro que gostar ou não de fado não é algo exclusivo da idade. Modas à parte, veja-se a quantidade de jovens que hoje em dia gostam mais de fado com o aparecimento da "nova geração". Admito que possa haver pessoas que simplesmente não gostam mas vou ser parcial e vou dizer que não lhe deram uma oportunidade. Só assim posso justificar que desde há uns anos para cá tenha começado a ouvir mais fado. 

Acho que o fado surge em momentos-chave por ser algo muito especial e diferente. Não está à mão, não ouvem fado nas rádios, a não ser nas dedicadas ao estilo, logo a sua escuta não é acidental. Têm de colocar o cd, têm de ligar o mp3, têm de fazer a busca no YouTube. O fado soa melhor à noite e em Lisboa. Os fados tristes, miseráveis e que falam do amor são os melhores. O fado é mais sentido, se escutado com os olhos fechados. Esse é o passo fundamental para que se deixem levar pelo poema, pela voz, pela guitarra. 

Para além dos obrigatórios clássicos, para mim, há apenas uma voz que consegue preencher todas as barras de volume de forma especial: Camané. 


               

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

.não tens idade para joy division.

Quem acha que tem um bom gosto musical, põe na cabeça que tem uma missão, vinda bem lá do alto da sua prepotência: converter todos aqueles que ouvem "coisas duvidosas".  Sei bem do que falo porque sou um pouco assim. Fiz de uma amiga minha, o meu alvo predilecto mas surpreendentemente não noto da parte dela qualquer resistência aos meus avanços de "melhoramento" musical. Assim, convenço-me que estou a fazer serviço público.

"Onde é que vais buscar todas estas coisas estranhas que ouves?" Sim, ela apelida as minhas predilecções musicais de estranhas. Eu gosto de pensar que são diferentes. Quem me ler dirá que são normais. Em resposta digo que muito se deve à Internet mas eu não sou produto da era tecnológica. Ainda sou do tempo (ahh maldita publicidade!) em que não existiam telemóveis, nem msn ou myspace (nessa altura quando se marcava alguma coisa com alguém, a probabilidade dessa pessoa aparecer era infinitamente maior do que é hoje!). Tendo dito isto secalhar será apropriado dizer-se que também não existiam dinossauros e que não acabei agora mesmo de descobrir a maravilha virtual. Se bem que na altura em que a descobri de facto, a Internet era apenas e só uma forma de comunicar com os amigos (saudoso mirc!). Contudo, e apesar de não poder negar a minha fase de pop pastilha elástica, com muitas boysband à mistura, acabei por conseguir ter um gosto musical à margem dos que me rodeavam. Bom por um lado porque me sentia diferente mas nessa diferença, sentia alguma falta de alguém igual a mim (contradições à parte). 

Não tendo a fantástica Internet, tinha uma vizinha que morava no prédio ao lado. Era uma rapariga mais velha que eu admirava imenso. Emprestava-me cassetes que tinham gravadas nas suas fitas coisas como Radiohead ou Nirvana. Podia não perceber de facto o âmago das letras e todos os ambientes que estas sugeriam mas sabia que mais tarde ia perceber. E ela não parecia importar-se com essa minha audição vazia até que um dia, ao olhar para a estante repleta de cassetes, li Joy Division e perguntei quem eram. A resposta dela foi segura: "Não tens idade para Joy Division!". Não toquei mais no assunto mas mais tarde quando finalmente os ouvi, percebi a razão daquela resposta. No que toca a Ian Curtis e aos seus,simplesmente não podia haver essa distância entre o meu ouvido nada amadurecido e a epifania vinda num dia insuspeito, tomando-me de assalto. É para ouvir e depois tentar decidir o que fazer a seguir, sabendo aquilo tudo (apesar de Radiohead e Nirvana terem os seus quês).


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

how do you keep love alive?


What does it mean to be so sad?
When someone you love
Someone you love is supposed to make you happy
What do you do?
How do you keep love alive?

sábado, 6 de agosto de 2011

.misplaced.

Sabem como às vezes parece que perdemos alguma coisa, dentro da nossa casa? Corremos tudo... Gavetas, armários, debaixo dos tapetes, enfim, os cantos todos da casa... Até que a vossa mãe vos diz para voltarem a procurar nos mesmos sítios mas desta vez com mais atenção?

Olham para ela com aquele ar de "achas que não tenho olhos na cara" mas ainda assim, quase contrariados, fazem uma espécie de rewind. Nesta segunda volta até são capazes de encontrar outras coisas que até se esqueceram que tinham. Contudo, aquilo que vocês mesmo queriam, continua sem aparecer!

Eis que depois, face ao vosso desespero, a vossa mãe decide intervir e quase como que por magia, o que tanto procuravam aparece e ainda ouvem um "eu disse-te que estava aqui, não procuraste bem!"

A questão é que às vezes nem sempre é assim e temos de admitir que às vezes as respostas e aquilo que procuramos simplesmente não estão lá. Não interessa há quanto tempo procuram e se até procuraram com atenção. Não está. Por ventura, já esteve.

A parte chata é que nem a vossa mãe pode entrar por ali adentro com a sua sabedoria e fazer aquele passo de magia fantástico em que as coisas simplesmente aparecem. 

Se por um lado dá-nos um certo gozo, por outro lado dá-nos um medo do caraças...

(e sim, este post não é sobre coisas palpáveis.)

domingo, 27 de fevereiro de 2011

.la vie en rose.

Não sou muito de ir ao cinema mas quando vou, vou sempre acompanhada e geralmente vou à noite, numa das últimas sessões. As matinéss há muito que ficaram presas nos tempos em que ir ao cinema era o programa mais cool de sempre e nos tempos em que o centro comercial da zona era o centro nevrálgico das nossas tenras vidas.

Todas as cidades têm este centro comercial. Não é muito grande mas ainda assim é muito abrangente no leque de lojas e actividades disponíveis e geralmente tem um nome que desafia sempre a originalidade porque tem sempre o nome do sítio onde se localiza. Este de que vos falo concretamente chama-se Centro Comercial do Parque.

No mesmo espaço, que albergava a sala de cinema, podia-se comer o melhor croissant da cidade (o que hoje em dia já é discutível), comprar flores, simplesmente beber um café ou comprar doces e a uma certa altura até se podia fazer uma tatuagem. Este centro tem dois lanços de escadas maravilhosos que na altura convidavam a horas de conversa, a ver as pessoas passarem. Aos fins-de-semana, serviam como bancos corridos que faziam lembrar as bancadas nos jogos de futebol do liceu, como se vê nos filmes americanos, onde nos sentavamos à espera que a sala de cinema abrisse.

Era giro ir ao cinema, não custava poupar a semanada para comprar o bilhete ou pelo menos não custava muito pedir esse dinheiro aos nossos pais. Lamento dizer que o entusiasmo não era tanto pelos filmes mas por aquilo que a ida ao cinema representava: um passo (bastante pequeno mas que ainda assim na altura parecia importante) em direcção ao "mundo dos grandes" mas sempre acompanhados pelos nossos amigos. Verdade seja dita que tudo aquilo que não implicasse supervisão parental era o máximo e o cinema não era diferente, especialmente quando os nossos pais nos começaram a deixar a ir às sessões da noite.

Hoje em dia já pertenço ao "mundo dos grandes" e já fiz essa jornada partilhada de cá chegar. Por isso na semana passada decidi fazer o oposto do que até então era prática habitual e fui sozinha ao cinema pela primeiríssima vez e devo dizer que lamento não tê-lo feito mais cedo. É o perfeito momento de solidão.

Escusam de começar com os "ohhhhhs". Parece que é quase um crime ir ao cinema sozinho, as pessoas têm problemas com isso. Aliás, no geral, as pessoas têm problemas em fazer coisas sozinhas. 

Às vezes temos de largar a mão... mas só às vezes.


terça-feira, 18 de janeiro de 2011

.strangers.

Já vos apeteceu interpelar alguém num qualquer transporte público e perguntar-lhe "Como é a tua vida?". De certeza que sim, mais não seja porque somos todos um bocadinho dados às questões do alheio. Mas e aquelas pessoas que sistematicamente vão com vocês nos mesmos transportes públicos que utilizam já de forma rotineira e chata?

Aquelas pessoas que por vezes até se sentam ao nosso lado, que encontramos na fila para o autocarro, que também correm para não perder aquele barco. Aquelas pessoas que esboçam um sorriso que diz "nunca trocámos uma palavra na vida e o mais certo é até nem trocarmos mas reparo que tens uma rotina semelhante à minha."

Já me apeteceu fazer essa pergunta a várias pessoas que se fazem notar não só por me estar sempre a encontrar com elas mas também porque nesses encontros reparo em pequenos detalhes que de certa forma vão me dizendo alguma coisa sobre elas. Prometo que não sou uma stalker.

Uma conversa ao telefone, o volume do mp3 no máximo que me faz bater o pé ao som da música em questão, os cadernos e papéis com notas soltas preenchidas de nada ou com cabeçalhos que denunciam a sua actividade profissional, revistas que vão a ler, certamente compradas nos quiosques do Cais do Sodré. 

Tudo isto permite a construção, no nosso imaginário, de como esta pessoa será: o que faz, o que pensa e até lhe podemos dar um nome. São apenas suposições e no fundo, essas pessoas são um poço sem fim de "ses e serás". Contudo, o que acontece quando das suposições passamos à realidade e verificamos que a pessoa com quem partilham o 58 está a viver a vida que idealizaram? Ele não é uma suposição, tem um nome.

Chama-se Pedro.


quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

#1

Eis que criei um blog.

Razões (e especialmente dado o facto de já não ser da moda criar um blog)? Pensar que, lá do alto do meu ego, alguém se vai interessar pelas coisas que colocar aqui, especialmente as milhões de teorias sobre as coisas mais mundanas que eu considero ser de serviço público, divulgar. 

Sim, porque não me venham com as histórias do "ah eu só tenho um blog para ter um sítio onde escrever." Isso irrita-me. Especialmente aqueles blogs que estão preenchidos de histórias pessoais, daquelas profundas, que supostamente não deviam ser do conhecimento público.

Eu ainda sou do tempo dos diários perfumados, com cadeado, cuja chave era religiosamente guardada, não fosse a nossa mãe ler o relato tão entusiasmante de um dia na vida de uma jovem de 12 anos! Os tempos eram outros, não havia essas modernices de engravidar antes de sequer saber somar, nem tão pouco se sabia que existia mais alguma coisa para beber para além do leite e do refrigerante. 

Tenho passado por toda a evolução dos suportes de secretismo que aos pouco foram perdendo o conteúdo top secret porque sejamos sinceros... Ter diários com segredos, aos 23 anos, é no mínimo ridículo. Dito isto, podem muito bem preencher linhas vazias que ficam resguardadas quando fecham o diário, caderno, moleskine, whatever... Se põem num blog é porque no fundo querem conversa.

Tudo isto leva-me a pensar uma vez mais, no facto óbvio de que já se ultrapassou, há muito, as barreiras da privacidade. E, mesmo para aqueles que ainda a querem manter, garanto-vos que às vezes o mais complicado é mesmo controlar a privacidade dos outros.

É verdade que uma conversa será sempre muito mais interessante do que um monólogo mas há coisas que merecem o tal cadeado. Contudo, pensem que podem sempre mandar fazer cópias da chave. E ninguém manda fazer cópias para dar a qualquer pessoa.