domingo, 27 de fevereiro de 2011

.la vie en rose.

Não sou muito de ir ao cinema mas quando vou, vou sempre acompanhada e geralmente vou à noite, numa das últimas sessões. As matinéss há muito que ficaram presas nos tempos em que ir ao cinema era o programa mais cool de sempre e nos tempos em que o centro comercial da zona era o centro nevrálgico das nossas tenras vidas.

Todas as cidades têm este centro comercial. Não é muito grande mas ainda assim é muito abrangente no leque de lojas e actividades disponíveis e geralmente tem um nome que desafia sempre a originalidade porque tem sempre o nome do sítio onde se localiza. Este de que vos falo concretamente chama-se Centro Comercial do Parque.

No mesmo espaço, que albergava a sala de cinema, podia-se comer o melhor croissant da cidade (o que hoje em dia já é discutível), comprar flores, simplesmente beber um café ou comprar doces e a uma certa altura até se podia fazer uma tatuagem. Este centro tem dois lanços de escadas maravilhosos que na altura convidavam a horas de conversa, a ver as pessoas passarem. Aos fins-de-semana, serviam como bancos corridos que faziam lembrar as bancadas nos jogos de futebol do liceu, como se vê nos filmes americanos, onde nos sentavamos à espera que a sala de cinema abrisse.

Era giro ir ao cinema, não custava poupar a semanada para comprar o bilhete ou pelo menos não custava muito pedir esse dinheiro aos nossos pais. Lamento dizer que o entusiasmo não era tanto pelos filmes mas por aquilo que a ida ao cinema representava: um passo (bastante pequeno mas que ainda assim na altura parecia importante) em direcção ao "mundo dos grandes" mas sempre acompanhados pelos nossos amigos. Verdade seja dita que tudo aquilo que não implicasse supervisão parental era o máximo e o cinema não era diferente, especialmente quando os nossos pais nos começaram a deixar a ir às sessões da noite.

Hoje em dia já pertenço ao "mundo dos grandes" e já fiz essa jornada partilhada de cá chegar. Por isso na semana passada decidi fazer o oposto do que até então era prática habitual e fui sozinha ao cinema pela primeiríssima vez e devo dizer que lamento não tê-lo feito mais cedo. É o perfeito momento de solidão.

Escusam de começar com os "ohhhhhs". Parece que é quase um crime ir ao cinema sozinho, as pessoas têm problemas com isso. Aliás, no geral, as pessoas têm problemas em fazer coisas sozinhas. 

Às vezes temos de largar a mão... mas só às vezes.


1 comentário:

  1. :O sempre quis fazer isso, mas nunca tive coragem.. Vou experimentar um dia destes, for sure! *

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