"Eu gosto de ouvir de tudo um pouco, menos fado! Isso não, que horror!" Tantas e tantas vezes que eu ouvi isto. Tenho a certeza que em algum momento também o disse. Acho que esta displicência face a algo tão nosso está relacionado com a ideia de que o fado só se ouvia na casa dos avós e por isso era algo antigo e coisa empoeirada que não conseguia acompanhar as batidas do último hit de Verão que rodava na Mtv.
Claro que gostar ou não de fado não é algo exclusivo da idade. Modas à parte, veja-se a quantidade de jovens que hoje em dia gostam mais de fado com o aparecimento da "nova geração". Admito que possa haver pessoas que simplesmente não gostam mas vou ser parcial e vou dizer que não lhe deram uma oportunidade. Só assim posso justificar que desde há uns anos para cá tenha começado a ouvir mais fado.
Acho que o fado surge em momentos-chave por ser algo muito especial e diferente. Não está à mão, não ouvem fado nas rádios, a não ser nas dedicadas ao estilo, logo a sua escuta não é acidental. Têm de colocar o cd, têm de ligar o mp3, têm de fazer a busca no YouTube. O fado soa melhor à noite e em Lisboa. Os fados tristes, miseráveis e que falam do amor são os melhores. O fado é mais sentido, se escutado com os olhos fechados. Esse é o passo fundamental para que se deixem levar pelo poema, pela voz, pela guitarra.
Para além dos obrigatórios clássicos, para mim, há apenas uma voz que consegue preencher todas as barras de volume de forma especial: Camané.
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